Quantos sonhos ela já deve ter esquecido ou simplesmente desistido?
Ela também sonhava em ser veterinária.
Um sonho que ela dividia com o avô.
Nenhum desses sonhos chegou a se tornar realidade para aquela garota.
Mas as manhãs ensolaradas em que ela sentia o vento entrar pela janela da agência em que trabalhava soavam prazerosas e divertidas.
Os olhos dela se fecharam por um momento e então se abriram novamente, pela janela ela observava os buracos de bala no prédio vizinho.
Aquela garota que ajudava o avô a vacinar as vacas num sítio lá no interior de Minas Gerais.
Agora estava do outro lado do mundo, escrevendo seus textos enquanto ouvia o chamado das mesquitas pela janela do seu apartamento em Sarajevo na Bósnia e Herzegovina.
Uma verdadeira nômade sem residência fixa.
Ela não percebeu a princípio, mas estava realizando um daqueles sonhos que compartilhava com o avô.