Crônicas

Raios de sol

Quando meu olhos alcançaram aquela imensidão em tons de azul turquesa e verde esmeralda meu coração parou por um instante.

O vento jogava meus cabelos diante dos meus olhos, e eu sem sucesso tentava me desvencilhar dos fios que insistiam em me irritar.

A sensação da areia fina entre os meus dedos, ainda gelada pela ausência do sol às 06 da manhã, fazia todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.

Os primeiros raios de sol tocavam o mar calma, que refletia uma cor impossível de descrever.

Os pássaros começaram a cantar quando o sol alcançou o topo das árvores. 

Fechei meus olhos, entoei meu mantra favorito.

Om Mani Padme Hum

O mantra da compaixão e misericórdia. 

Me trazia uma serenidade profunda.

Senti um empurrão inesperado, minha canga estava cheia de areia e minhas coisas reviradas. 

Uma patinha peluda de repente toca minha coxa, quando olho para trás posso ver uma vira-lata se revirando de barriga para o ar.

Só consegui estampar um sorriso na cara e dar risada da situação.

Durante os três meses que vivi numa ilha da Tailândia eu tive a companhia da Amêndoa todos os dias. Apelidei ela com esse nome pela sua cor e seus olhos que pareciam duas amêndoas me olhando toda manhã.

A praia em que eu ia meditar ficava ao lado de casa, eu chegava lá às 06h, descia pelo caminho de pedras que levava até a areia, Amêndoa vinha correndo e se entrelaçava entre minha pernas. 

Eram só eu e ela, enquanto eu entrava no mar, ela rolava em cima das minhas enchendo tudo de areia. Ficava sempre deitada atrás de mim enquanto eu meditava, aquele era o nosso momento.

Hoje me pego imaginando se a Amêndoa encontrou outra companhia para aproveitar os primeiros raios de sol ou se ainda me espera todas as manhãs para brincar. 

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